"Alta"mente

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Alguém que pensa que: Não há nada de oculto que não deva aparecer ao público. Se alguém tem ouvidos, que ouça. Se alguém tem olhos, que veja. Se alguém tem boca, que fale.

NOTA DO AUTOR

ATENÇÃO, AGRADEÇO A LEITURA DESTE TEXTO: Todas as Actividades Radicais, envolvem muitas horas de prática e utilização de material devidamente testado e aprovado pelos respectivos fabricantes. Assim, não é recomendável que alguém pratique ou tente praticar algumas destas Actividades, sob pena de, por falta de experiência, ocorrerem acidentes que vêm a prejudicar o praticante e terceiros. Lembro que a prática de Actividades Radicais por parte de um principiante, deve ser acompanhada de perto por um especialista mais experiente e habilitado para o efeito. Joaquim Francisco

quinta-feira, 15 de março de 2007

HISTÓRIA DA ESPELEOLOGIA

Os primeiros registos de actividade espeleológica no nosso país datam de 1758, ano em que o Padre Manuel Dias descreveu a exsurgência dos Olhos de Água. Em 1854 foram publicados os escritos das escavações em grutas da região de Condeixa, da autoria de Costa Simões e em 1872 foi publicado, no Diário Ilustrado nº 127, a descrição de uma visita à Gruta das Alcobertas, da autoria de B. Soveral.
A realização em Lisboa do IX Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica, em Setembro de 1880, incluiu uma visita às grutas do Poço Velho em Cascais, importante necrópole neolítica, o que contribuiu decisivamente para o nosso reconhecimento no estrangeiro. Desde essa data até aos finais do século XIX, Portugal acompanhou a evolução europeia nestes domínios, publicando e apresentando em congressos internacionais diversos trabalhos sobre grutas nacionais. Os investigadores estrangeiros não ficaram indiferentes a este caudal de informação e antes do virar do século começaram a trabalhar nas nossas grutas, quer na área da antropologia quer na da biologia e hidrogeologia. Entre estes, salienta-se P. Choffat que em 1891 iniciou a sua actividade em Portugal, cujos trabalhos se revestem de grande importância para o conhecimento geológico do país. No princípio deste século renovam-se as visitas de cientistas estrangeiros (W. Brindley, G. Eugenaud e E. Harlé), mas foi apenas nos anos vinte que estudiosos mais distintos nos visitaram, como H. Breuil, R. Jeannel, E. Racovitza e E. Fleury. Este último publicou em 1923, o livro "Portugal Subterrâneo" e devido ao seu contributo nos campos da geologia e geoespeleologia nacionais pode ser considerado o pai da espeleologia em Portugal.
Na década de trinta verificou-se uma retoma dos portugueses aos trabalhos nas áreas da arqueologia e biologia. Na década de quarenta aparecem os primeiros espeleólogos, os quais começam como auxiliares e colaboradores das expedições científicas e que posteriormente se agrupam, tornando-se assim autónomos. Ainda nos anos quarenta surgiu o primeiro inventário de cavidades portuguesas, publicado na revista científica e literária de Coimbra "O Instituto" (1945). Em 1948 é publicado um verdadeiro inventário das cavernas calcárias de Portugal, da autoria de Bernardino e António B. Machado. A. F. Martins em 1949 publica um estudo global da geografia física do Maciço Calcário Estremenho. Com a descoberta das grutas dos Moinhos Velhos um grupo de nove amigos: José Brun da Silveira, Eduardo Vicente, Francisco José de Abreu, Jorge Tiago Ferreira, José Afonso Amaral, Armando Morais de Carvalho, Mário Monteiro, José de Andrade Franga e Telmo Augusto Pereira, reunidos numa mesa do café Paladium, em Lisboa, em 16 de Novembro de 1948 resolvem criar a Sociedade Portuguesa de Espeleologia "com o fim de se dedicarem a pesquisas espeleológicas e ciências afins". Está então, iniciado o estudo organizado das cavidades portuguesas. Em 1956 e 1957 foram publicados estudos regionais sobre a Beira Litoral da autoria de A.F. Soares, L.N. Conde e A.F. Tavares.
Nos anos 60 a espeleologia começou a evoluir fora dos meios universitários e científicos: foi ainda na década de 60 que se formaram vários clubes de espeleologia e que surgiram os primeiros cursos de formação. Na década de 70 a formação de espeleólogos passou a ter melhor qualidade, começando espeleólogos portugueses a realizar estágios em França e os clubes a apostar em cursos de formação. Em 1973 tem lugar o 1º Encontro Nacional de Espeleologia. Na década de 80 surgiram mais duas publicações de natureza espeleológica: O Mundo Subterrâneo, da Associação de Espeleólogos de Sintra (1980) e Espeleo Divulgação, do Núcleo de Espeleologia da Associação de Estudantes da Universidade de Aveiro (Junho de 1982). As explorações estrangeiras a Portugal foram retomadas em 1983, com a realização de uma expedição francesa à nascente do Alviela. Em 1985 é publicado o livro "Grottes et Algares du Portugal" de C. Thomas; no mesmo ano o seu trabalho, juntamente com o SAGA - Sociedade dos Amigos das Grutas e Algares, na gruta do Almonda tornaram esta cavidade na 1ª do "ranking" nacional.
Em Agosto de 1987 realiza-se mais uma expedição francesa ao nosso país, constituída por 12 espeleólogos e 8 mergulhadores que exploraram alguns algares e mergulharam as Nascentes do Alviela e Almonda, chegando na primeira a 425 metros de distância e atingindo a cota de mergulho de 60 metros. No ano seguinte, uma outra expedição francesa à nascente do Alviela, desta feita com uma equipa da Comissão de Mergulho Subterrâneo da F.F.E.S.S.M., atingiu a cota dos -78 metros e topografa 820 metros de galerias. Em 1990 surgiu mais uma publicação versando o território continental, o livro de Lúcio Cunha "As Serras Calcárias de Condeixa, Sicó e Alvaiázere. Estudo de Geomorfologia".



As Grutas e suas formações geológicas

O interior de terra, sempre inspirou a fantasia humana. Lendas e narrativas afirmam que as Cavernas são habitadas por diabos e fantasmas e que por elas se pode atingir o centro da Terra. Na realidade, as Cavernas ou Grutas, só aparecem na crosta terrestre. É difícil e perigoso penetrar e explorar tais grutas, mas o interesse que elas despertam provocou o aparecimento de uma Ciência dedicada exclusivamente ao seu estudo: A espeleologia. A formação das cavidades deve-se à penetração de água na crosta terrestre, escavando desse modo câmaras e galerias. Nas cavernas mais importantes, existem inclusivamente lagos e rios subterrâneos. As grutas surgem mais facilmente em terrenos calcários, os quais são mais facilmente dissolvidos pela acção da água (a corrosão do calcário por água ligeiramente ácida, origina à sua passagem, câmaras e túneis sinuosos. Muitos seres, entre eles o homem, utilizaram-nas como abrigo. Os achados arqueológicos encontrados (pinturas rupestres, exp.) são disso testemunho. Todos sabem que os Morcegos habitam as grutas e cavernas, mas na América do Sul, é conhecida a existência de um curioso pássaro cujas características estão bem adaptadas, para viver no escuro: O Guacháro. Além dos insectos, crustáceos, algas e limos fosforescentes, nos lagos subterrâneos também existem batráquios e peixes, desprovidos de olhos é disso exemplo o Olm ou Proteus. Assim, como já foi referido, as grutas surgem em zonas constituídas por rochas sedimentares moles, principalmente calcárias. As correntes de água infiltram-se e dissolvem o material do solo, formando uma série de buracos. A água que penetra nessas cavidades e goteja dos seus tetos, contem minerais dissolvidos. Á medida que a água evapora, esses minerais vão dando origem a formações petrificadas em que as mais encontrados são: Estalactites, Estalagmites, Colunas, Excêntricas, Bandeiras, Gours.